sábado, 15 de março de 2008

Fiquei imaginando Sylvia Plath planejando o dia seguinte ao de seu suicídio, o café da manhã das crianças deixado ao lado das camas, quanta preocupação com o futuro.

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E o futuro, como vai?
Mapas secretos de terras a descobrir naquela mala em cima do armário,
um dia seguiremos avante e para o alto atrás de maiores novidades, mas não agora, que ainda estamos no presente.

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Mas você não percebe?
O ar tem circulado mais leve pelos ambientes tateáveis e pelos cantos da internet.
(note bem a ausência de ácaros, você não espirra mais por quinze minutos seguidos quando entra nas salas de chat).
Acho que conseguimos nos livrar de toda aquela gente cinzenta, ranzinza, pesada, eternamente TPMzada e deprimida, dos que fazem da sua dor um manifesto por um mundo pior. (não falo dos doentes e prejudicados pela vida, falo dos incompetentes que apenas criticam, porque não sabem fazer).

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Mas como dizia, fiquei imaginando que os diários eram escritos para serem publicados, mesmo no meio da maior dilaceração,que triste esta necessidade de se fazer ouvir.
A ilusão de controlar a percepção alheia da própria imagem, mesmo depois de tudo perder o sentido.
De algum jeito, humanos são mal programados. ou nos desviamos, não era pra vivermos assim.
Mas já que vivemos, contamos em diários. ou no blog.

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O que eu gosto em você é que entende bem a desimportância das coisas,das realmente desimportantes, quero dizer. como palavras num blog.

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Mas somos livres para criar, e devemos ser livres para criar.
Por falar nisso, me traga um presente inesperado,do outro lado do mundo, da Austrália, da Nova Zelândia, da Tonga da mironga do cabuletê, onde o ano nasce primeiro, da ilha de Páscoa ou de Galápagos, de um lugar bem estranho.
Pode ser um dinossaurinho daqueles, um ornitorrinco filhote. (não, isto seria esperado),então me traga uns planos para o futuro próximo, o próximo feriado, talvez umas idéias e tintas pra decorar a casa , um balanço para a mangueira, peixinhos dourados.Há o que importa de verdade, você sabe.

IRD

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